Maus tratos a animais eram denunciados desde 2015; família fazia linguiça com a carne e vendia em feiras de Guarapari

A família presa na sexta-feira (18), durante a operação  da Delegacia de Infrações Penais e Outras (DIPO), por suspeita de abater cães e gatos e vender a carne para consumo humano, em Guarapari, já estava sendo denunciada por vizinhos e instituições de proteção à animais desde 2015. A principal suspeita é que os animais eram utilizados para produção de linguiça. 

Segundo a protetora de animais, Patrícia Gonçalves, as denúncias começaram porque os vizinhos da família escutavam o sofrimento dos animais durante os supostos abates. 

“Recolhemos depoimentos de vizinhos que diziam que durante a madrugada era ouvido fogos, provavelmente para abafar o grito dos animais e quando não, conseguiam ouvir os grunhidos dos animais, além do barulhos de machado, seguidos por silêncio. No outro dia, sempre tinham ossadas jogadas em sacos”, relatou. 

Ainda de acordo com Patrícia, que faz parte de uma ONG de proteção de animais, o caso já era denunciado desde o ano de 2015, mas nada era feito sobre isso. “Protetores de Guarapari, principalmente da ONG To Na Rua, fizeram toda uma documentação, boletim de ocorrência, inclusive foi feita uma denúncia do Ministério Público, postagens nas redes sociais sobre o assunto, mas na época não desencadeou uma ação de visita lá com zoonoses, não foi comprovado o que estava acontecendo”, explicou. 

A tenente Clicia, responsável pela operação, afirma que os animais estavam em situação insalubre. “Quando chegamos ao local nós já tínhamos várias denúncias de que eles abatiam esses animais para comercialização das carnes. Encontramos vários animais em situação de maus tratos, magros, abatidos, não tinha comida, nem água para eles. Quando tentamos entrar no porão, a filha tentou impedir, dizendo que haviam ratos e cobras lá, mesmo assim entramos e lá dentro encontramos vários sacos com animais mortos em decomposição”. 

A respeito da comercialização da carne, a tenente afirmou que as informações ainda não estão confirmadas, mas a suspeita é de que a família produzia linguiça. “A gente teve a denúncia que é comercialização na feira de Guarapari, mas tem outras informações de que pode ser feira de outros municípios. Sabemos que eles fazem linguiça com essa carne”. 

As investigações ainda chegaram a informações da existência de uma quarta pessoa envolvida no caso. “Tem um outro elemento nesse grupo que faz o recolhimento dos animais mortos durante a madrugada. Mas, as denúncias estavam acontecendo e a gente não poderia esperar mais para pegar a família em flagrante. Entretanto, o inquérito vai tentar descobrir quem é e por isso, precisamos da ajuda de todo mundo, protetores, vizinhos, para a gente descobrir quem é essa pessoa”, concluiu. 

De acordo com as informações da Secretaria Estadual de Justiça, mãe e filha foram encaminhadas ao Centro Prisional Feminino de Cariacica, já o pai, deu entrada no Centro de Detenção Provisória de Guarapari. Todos os animais foram recolhidos e abrigados pela prefeitura, por meio do Centro de Controle de Zoonoses. 

Fonte: Folha Vitória

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