Os executores do empresário Thiago Simões Nossa, 31 anos, assassinado em 11 de dezembro do ano passado, foram contratados para “realizar uma limpa” em Guarapari. Pelos depoimentos já prestados à polícia, pelo menos outros dois empresários da cidade também seriam mortos.
As informações constam de decisão judicial desta quarta-feira (12). O juiz da 1ª Vara Criminal de Guarapari, Eliezer Mattos Scherrer Júnior, negou o novo pedido de prisão preventiva apresentado pela Polícia Civil para o apontado como mandante do crime e dois dos intermediários. A solicitação foi aceita para dois executores e uma intermediária. Foi ainda revogada a prisão de um sétimo suspeito pelo crime.
Pela decisão, a que A Gazeta teve acesso, são suspeitas de participação no crime as seguintes pessoas:
- Valdecir Nunes Alves – o empresário é apontado como mandante do crime. Teria contratado os serviços de Valmir. Teve novo pedido de prisão preventiva negado.
- Valmir dos Santos Soares – apontado como intermediário do crime, teria contratado os dois executores. Teve novo pedido de prisão preventiva negado.
- Alexsandra Gomes Brito – tia de Arnaldo, um dos executores, que veio da Bahia para cometer o crime. É apontado que ela ajudou a intermediar e auxiliar os executores. Teve novo pedido de prisão preventiva negado.
- Leislania Vitória – casada com Arnaldo. É apontado que ela ajudou a intermediar e auxiliar os executores. Sua prisão preventiva foi aceita.
- Arnaldo José Andrade Neto (Nafinho) – Apontado como executor do crime. Sua prisão preventiva foi aceita.
- Thiago Garcia Amaral dos Santos – Apontado como executor do crime. Sua prisão preventiva foi aceita.
- Brenno Bispo – É apontado que ele auxiliou no crime, tendo ficado encarregado de desaparecer com o veículo que foi utilizado no dia do assassinato. Sua prisão temporária foi revogada.
DINÂMICA DO ASSASSINATO DE THIAGO NOSSA
No texto judicial é relatado que, ao prestar depoimento para a polícia, Valmir informou que o “o homicídio em questão foi a mando de Valdecir, em razão de uma discussão que teve com a vítima”. Pela execução teria sido paga uma quantia de R$ 8 mil reais. Valmir teria sido o responsável por contratar os serviços de Arnaldo (Nafinho) e de Thiago Garcia para a execução da vítima.
Em outro interrogatório feito pela polícia, desta vez Arnaldo, que reside na Bahia, informa que veio a Guarapari a pedido de sua tia Alexsandra. Diz ainda que foi contratado por Valmir para “realizar uma limpa em Guarapari”.
Trecho de decisão judicial
Depoimento de Arnaldo“Inicialmente matariam duas pessoas, mas depois haveria outras; que a prioridade era matar a vítima Thiago Simões Nossa; e que o mandante do crime foi Valdecir, patrão de Valmir”
É dito ainda na decisão judicial que Arnaldo, em seu interrogatório, relatou que ele e Valmir “fizeram o levantamento dos locais em que a vítima ficava, estando prontos para executá-la caso a encontrassem; que também levantaram a casa do segundo alvo”.
Acrescentou que o segundo executor, Thiago Garcia, que está foragido, também teria participado dos levantamentos dos locais, “assumindo o lugar de Valmir quando da execução”. Diz ainda que tanto ele (Arnaldo), quanto Thiago Garcia estavam em busca da vítima.
É descrito na decisão que Alexsandra era responsável por repassar informações de Valmir aos executores, uma função semelhante a de Leislania Vitória. Outro ponto informado é que após o homicídio, e dias antes de ser preso, quando Arnaldo já estava na Bahia, Valmir iria lhe pagar a quantia de R$ 10 dez mil (para fugir).
OUTROS EMPRESÁRIOS SERIAM ASSASSINADOS
As investigações policiais, aponta ainda a decisão, identificou Thiago Amaral como o segundo executor e apurou que o empresário Valdecir Nunes Alves pretendia utilizar o grupo para executar outros rivais.
Um deles é um empresário que teve uma briga com Valdecir em janeiro de 2020, por conta de um desentendimento em relação ao pagamento por sua participação na obra do calçadão da Praia do Morro, em Guarapari. É dito ainda que há até um boletim de ocorrência com o registro da briga.
Um segundo alvo do grupo seria outro empresário da cidade, fato identificado pela polícia em depoimento de outra pessoa, que foi confundida com a possível vítima, e relatou ter recebido ligação de uma pessoa dizendo que também seria morta pelo grupo. Os nomes destas pessoas não estão sendo informados por se tratar de uma situação de risco de vida.
Fonte: Gazeta Online