Segundo informações da Policia Civil, já foram apreendidos cerca de 3.596 selos no Espírito Santo. A Anvisa já foi notificada
A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC), identificou, pela primeira vez no Brasil, uma morte relacionada ao consumo da substância bromazolam.
A nova superdroga contribuiu para a morte de um homem encontrado em um motel, em Jardim Limoeiro, na Serra, no dia 10 de julho de 2022. A mesma substância foi apreendida em Guarapari, dois dias depois.
Durante coletiva, realizada na tarde desta quinta-feira (20), o perito do Laboratório de Química Forense, Victor Fonseca, afirmou que, até o momento, já foram apreendidos cerca de 3.596 selos no Espírito Santo. “Depois ocorreram outras apreensões provenientes de recebimentos em outubro, vindos de Vila Velha e em fevereiro recebemos de Guarapari, mas essas apreensões foram menores”, descreveu o perito.
Segundo a chefe do Departamento de Laboratórios Forenses, Daniela de Paula, a partir da descoberta da droga, foram buscadas parcerias entre a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde, através de pesquisas realizadas pelo professor José Luiz da Costa, a substância foi identificada.
No laboratório da universidade, eles tinham o padrão da substância, que é importante para a realização da comparação. A partir disso, foi possível concluir e definir o que tinha e quanto tinha no organismo do indivíduo que foi encontrado morto”, explica.
Como a droga é utilizada?
De acordo com o perito, a droga é comercializada em forma de micro selos. Seu uso é por via oral, sendo a forma mais comum a introdução de um pequeno pedaço de papel embaixo da língua. “Eles custam em média R$ 50, entretanto não conseguimos traçar um perfil de usuários, mas não são drogas caras”, destaca.
Durante a ação, foi divulgado que o bromazolam é da mesma classe de remédios considerados como “depressores”, como por exemplo o Rivotril. Eles causam relaxamento muscular e sonolência, mas ao mesmo tempo, podem gerar parada cardiorrespiratória.
Não está disponível no mercado
Segundo a chefe do Departamento de Laboratórios Forenses, Daniela de Paula, a substância não está disponível no mercado farmacêutico, entrando no país como uma “droga de abuso”. “Para nós foi uma novidade, pois era uma substância que até então não tínhamos presenciado ou identificado no laboratório de toxicologia, se ele fosse pego com um traficante não seria considerado tráfico de drogas. O estado do Espírito Santo deu uma grande contribuição ao descobrir essa nova substância”, destacou.
Os dados levantados pela perícia capixaba possibilitaram a inclusão do bromazolam no rol de substâncias controladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que até então não tinha registro de circulação desta droga no Brasil.
Nos Estados Unidos, existe um alerta direcionado para a saúde pública, laboratórios e médicos, relatando o aumento de casos envolvendo esta substância. Foram registrados 236 mortes com o envolvimento do bromazolam, de 2019 até junho do ano passado.