Frigorífico é interditado após operação da Polícia Civil apreender 800 kg de carne clandestina no ES
Frigorífico clandestino em Cariacica, Espírito Santo é interditado — Foto: Divulgação/PCES
Um frigorífico em Cariacica, na Grande Vitória, foi interditado com cerca de 800 kg de carne de porco clandestina durante uma operação da Polícia Civil na quinta-feira (13). Segundo a polícia, o local já tinha sido interditado outras quatro vezes com carne contaminada, e não tinha condições sanitárias para armazenamento e manuseio do alimento.
De acordo com a polícia, a carne apreendida, no bairro Morada de Santa Fé, vai passar por exames laboratoriais para que a análise possa comprovar se o material estava contaminado ou não, e qual o grau de contaminação.
Dentre as irregularidades encontradas pela polícia estão: ganchos enferrujados onde eram penduradas carcaças, caminhão de transporte com ferrugem, câmeras frigoríficas sem temperatura adequada e local de manipulação da carne sem ar condicionado.
“Todos esses fatores podem trazer uma contaminação e pode fazer mal a saúde humana, vai depender de uma análise. Mas os 800 kg de carne já estavam separados para revenda e abastecer supermercados e restaurantes de Cariacica”, pontuou o titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor, Eduardo Passamani.
Ganchos enferrujados eram utilizados em frigorífico clandestino interditado em Cariacica, Espírito Santo — Foto: Divulgação/PCES
Caso o exame comprove que as amostras não estavam em condições para consumo, a empresa pode responder por venda de produto impróprio, com pena de até 5 anos.
A operação foi realizada pela Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon) com Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).
Recorrente
O delegado explicou que o local chegou a ser interditado de novembro do ano passado a abril por ter sido identificada contaminação em amostras.
“Esse estabelecimento já vinha sendo monitorado, já tinha sido notificado três vezes pelo Idaf, numa quarta vez ele chegou a ser interditado parcialmente por causa da manipulação de carne, porque ele não atendia condições de boas práticas sanitárias. Nós até tentamos fazer uma fiscalização depois que ele estava interditado, porque havia uma denúncia de que estava funcionando de forma clandestina. Eles se negaram a abrir pra gente em um primeiro momento, então dessa vez nós retornamos com um mandado de busca”, contou o delegado.
A investigação apontou que o local pertence a um grupo familiar que já foi preso ano passado por causa de outro frigorífico que funcionava em Vila Velha e também foi interditado pela polícia.
O g1 noticiou em março do ano passado que 14 toneladas de carne suína da mesma empresa tinham sido apreendidas em outra operação.
Na época, uma funcionária da empresa teria impedindo a entrada da equipe alegando que a empresa estava fazendo um trabalho de limpeza interna, mas depois de meia-hora, a equipe de fiscalização acessou o local.
Frigorífico clandestino em Cariacica, Espírito Santo, já tinha sido interditado outras vezes — Foto: Divulgação/PCES
No endereço, foram encontradas nas salas de produção restos de cortes de carne suína sobre mesas e bancadas em condições precárias com resíduos de sangue, além de moscas e outros insetos.
Nas câmaras frigoríficas havia mais carne com coloração amarelada e esverdeada e algumas em estado de putrefação, indicando contaminação, e com selo de inspeção falsificado. A equipe também encontrou diversos produtos com data de validade vencida.
A polícia acredita que o grupo então se mudou para Cariacica para tentar continuar as vendas.
“Mesmo após a interdição em abril desse ano, eles comercializaram produtos para supermercados e restaurantes. Mesmo migrando para Cariacica, eles estavam sendo monitorados e nós suspendemos para que não tenha o retorno da atividade”, relatou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, a interdição é essencial para evitar que pessoas tenham passem mal ao comer a carne, já que é difícil para o consumidor identificar que o alimento não está próprio.
“É muito difícil para o consumidor. Ele vai passar mal sem saber porque está passando mal. Por isso a gente foca para não deixar chegar até ele. Mas a orientação para quem compra é sempre ver se o frigorífico está autorizado a funcionar. Porque se o estabelecimento comprar esse produto que já está identificado que não poderia vender, e o consumidor passar mal, o comerciante pode vir a responder por estar revendendo esse produto para o consumidor”, afirmou.