Marcelle Julia da Silva ficou desaparecida por três dias e corpo teria sido mutilado por cães
Uma jovem, de 18 anos, foi encontrada morta na Pavuna neste sábado (14/6), cerca de três dias após seu desaparecimento. O corpo de Marcelle Julia Araújo da Silva estava na Rua São Fidélis, no bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. A suspeita é que ela foi vítima de feminicídio, cometido por um homem chamado Zhaohu Qiu, cidadão chinês de 35 anos. Dados do site do Conselho Nacional de Justiça revelam que o suspeito teve a prisão temporária decretada pelo plantão do Tribunal de Justiça do Rio e é considerado foragido.
No Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, familiares de Marcelle falaram na manhã deste domingo sobre o caso. Segundo Cláudia Luciana de Araujo, tia-avó da vítima, o suspeito é empresário e vende yakisoba em um food truck na região. Ele costumava entregar o prato na casa dela ou pedir que buscasse na casa dele — o que a família considera que pode ter acontecido no último dia 11. Durante a noite, Marcelle saiu de bicicleta para encontrá-lo, sem avisar à família.
— As amigas dela falam que ele tinha obsessão por ela, muitas fotos dela no celular, mas ela era só amiga dele. Vimos imagens de câmeras de segurança que mostram ela entrando na casa dele, no Jardim América, no dia 11 à noite, e ela não aparece mais. Por volta das 7h da manhã do dia seguinte, as imagens mostram ele saindo, com um carrinho de mercado. Ninguém achou estranho, pois ele fazia isso para vender yakisoba. Mas, dessa vez, o corpo dela estava enrolado lá e foi levado até uma outra casa, na comunidade Beira Rio, na Pavuna — relata Cláudia.
A família diz que amigas de Marcelle relataram que Zhaohu, conhecido como Xao, prometeu que daria uma cesta de Dia dos Namorados para a jovem. Ela teria ido à casa dele para buscar o presente, o que está sendo visto como uma armadilha pelas pessoas próximas da vítima.
Corpo mutilado por cães
As imagens foram obtidas pela família da vítima, preocupada com o desaparecimento. A primeira hipótese foi de que o homem estaria mantendo Marcelle presa na residência da Pavuna. Ao chegar lá, a cunhada da vítima conseguiu entrar no local com a ajuda de uma amiga do suspeito que tinha a chave para alimentar os cães, e encontrou o corpo da menina mutilado por cachorros.
— Ele fez tudo premeditado, achou que era um crime perfeito, pois os cachorros fariam o trabalho e seria mais fácil esconder os ossos — diz a tia, completando sobre as estratégias do homem: — O celular dela desapareceu e a bicicleta ele jogou dentro de um rio.
A polícia ainda aguarda exames para averiguar qual foi a causa da morte de Marcelle, mas já se sabe que o corpo não tinha marcas de tiros ou de esfaqueamento. Antes do crime, a família conta que não imaginava que a jovem poderia estar em perigo, pois o suspeito não se mostrava agressivo.
— Ele ia na casa dela, muitas vezes levava yakisoba lá, não se mostrava uma pessoa ruim. Ele teve frieza, ainda estava circulando pela comunidade até ontem. Acho que foi quando percebeu que estávamos procurando ela — conta a cunhada da vítima, Layssa Oliveira.
O comando do 41º BPM (Irajá) informou que o cadáver de Marcelle foi achado por outras pessoas, que acionaram agentes para a ocorrência. Chegando ao local, a equipe isolou a área e encaminhou o caso para Delegacia de Homicídios da Capital. Por sua vez, a Polícia Civil informou que uma perícia foi feita e outras diligências estão em andamento.
Qualquer informação sobre o paradeiro de Zhaohu, conhecido como Xao, pode ser repassada diretamente à Divisão de Homicídios, ou através do Disque Denúncia (21 2253-1177). O enterro de Marcelle será nesta segunda-feira (16/6) no Cemitério de Irajá, ainda sem horário definido.
Revolta e homenagens de amigos na internet
O caso gerou, neste domingo, revolta na internet. Na hashtag “JustiçaporMarcelle”, na rede social X, amigos e até desconhecidos mostraram indignação. “Eu estou horrorizada com esse caso da Marcelle. Foi tudo minimamente calculado, com ruindade, crueldade, frieza… que Deus a receba de braços abertos e que a justiça seja feita!”, comentou uma pessoa. Outra relatou: “Eu nunca sequer troquei uma palavra com essa menina. Só a conhecia de vista e, toda vez que vejo foto dela, o peito dói. Imagino o desespero e a sensação de impotência dela. O peito arde, a garganta da um nó”.
Mulheres também destacam a motivação do assassinato. “Uma crueldade sem fim. Até quando nós, mulheres, vamos passar por isso só por dizer um ‘não’? Era uma menina nova, linda… tinha um futuro maravilhoso pela frente. E foi interrompido por esse monstro”, publicou uma.
Segundo a tia-avó, Marcelle tinha planos profissionais para este ano, e sonhos ainda maiores.
— Ela tinha parado de estudar este ano, ia começar um curso de design de sobrancelhas, tinha o sonho de ser influenciadora digital.
No Instagram, entre homenagens feitas à Marcelle, uma amiga lembrou os momentos vividos juntas: “Eu nem acredito que eu perdi você dessa maneira tão covarde. Meu coração está despedaçado em saber que eu nunca mais vou escutar sua voz, ver seu sorriso, te ver na rua… Obrigado por tudo, todos os momentos, as risadas, os conselhos. Obrigado por tudo. Obrigado por ter aparecido na minha vida, eu NUNCA, JAMAIS vou me esquecer de você. Marcelle Julia, eu te amo”.
Disque denúncia divulga cartaz
O Disque Denúncia divulgou, neste domingo, um cartaz para auxiliar nas investigações e no inquérito policial da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), a fim de obter informações que levem à localização e prisão do chinês Zhaohu Qiu, vulgo “Xau”, de 35 anos.
Quem tiver informações sobre a localização do criminoso, pode denunciar, em total anonimato, pelos seguintes canais de atendimento do Disque Denúncia do Rio: