O motorista Lucas Schneider, 23 anos, foi solto na noite de segunda-feira (21) após pagar fiança de R$ 5 mil. O jovem estava preso no Centro de Triagem de Viana (CTV) após ter atropelado e matado o servidor aposentado da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e motociclista Luis Claudio Ferreira da Silva, de 62 anos.
O crime aconteceu na manhã do dia 29 de setembro, no bairro Guaranhus, em Vila Velha.
Inicialmente, a Justiça havia estabelecido fiança de R$ 50 mil para a liberdade provisória do técnico ortopédico. O valor foi reduzido, de acordo com o advogado do jovem, Helder Almeida, após a família comprovar na justiça que não tinha condições de pagar a fiança estipulada.
“Nós reunimos o comprovante de rendimentos mensais dele e a juíza achou razoável o valor de R$ 5 mil. A decisão foi tomada no fim da semana passada”, explicou o advogado.
Após a decisão, a fiança foi paga por volta de 13 horas de segunda. Sete horas depois, mais precisamente às 20 horas, Lucas deixava a prisão.
Ainda de acordo com o advogado, o técnico ortopédico confessou estar arrependido. “Conversei com o Lucas hoje (terça-feira). Primeiramente, ele disse que está muito arrependido do que aconteceu e que não tinha a intenção de causar a morte de ninguém”, relatou Helder.
Outra preocupação de Lucas, segundo o advogado, é sofrer represálias pelo crime que cometeu. “Ele está bastante receoso. Até no próprio dia do acidente, a população tentou linchá-lo. Ele expressou isso para mim”, contou.
O outro lado
A notícia de que Lucas Schneider havia sido solto na segunda-feira chegou ao conhecimento da família do motociclista Luis Claudio Ferreira da Silva apenas na manhã desta terça. No entanto, a soltura do jovem já era esperava pelos parentes da vítima.
“A gente já sabia que a fiança havia sido reduzida e esperava que ele fosse solto a qualquer momento”, explicou Fernanda da Silva, psicóloga e filha de Luis Claudio.
“A família está em choque”, continuou ela. “Principalmente pela forma que tudo foi conduzido. Uma vida vale R$ 5 mil?”, questiona ela.
Ainda de acordo com Fernanda, todos os procedimentos que a família tomará a partir de agora serão via Justiça. Mesmo assim ela faz outro questionamento: “Aonde esse rapaz vai parar?”.
“Ele tem quatro delitos, um resultando em morto. Todos esses crimes demonstram a índole da pessoa. Não sei como é a família ou mãe dele, mas quando olhamos para esse rapaz, sabemos que é uma pessoa que deu errado”, critica ela.
Entenda o caso
A colisão que vitimou o motociclista Luis Claudio Ferreira da Silva aconteceu no dia 29 de setembro no cruzamento da avenida Sérgio Cardoso com a rua Jussara Rodrigues Lorenzuti no bairro Guaranhus, em Vila Velha.
Luis foi socorrido pelo Samu depois do acidente, mas não resistiu e morreu no local.
O condutor do carro contou, em depoimento à polícia, que tinha saído às 7 horas de domingo (29) do motel em direção ao bairro Araçás, para deixar uma das amigas em casa.
Os cinco estavam no carro. Ele afirmou que dirigia pela rua principal, quando o motociclista teria atravessado, provocando a colisão. Segundo ele, “foi tudo muito rápido”.
Depois de bater no poste, ele desceu do veículo e disse que tentou chamar o socorro, mas a população o teria ameaçado. Nesse momento, uma moradora o levou para sua casa, até o socorro chegar.
Ele contou que o carro é do pai dele. O técnico ortopédico teve um corte na mão e chegou a ser socorrido para o Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria. Segundo a polícia, os outros quatro ocupantes do veículo tiveram ferimentos leves.