Flávio Bolsonaro soube antes por delegado da PF de operação que expôs Queiroz, informa jornal

Flávio Bolsonaro soube antes por delegado da PF de operação que expôs Queiroz, informa jornal

RIO – O senador Flávio Bolsonaro foi informado por um delegado da Polícia Federal, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2018, que seria deflagrada a Operação Furna da Onça, que expôs detalhes das investigações sobre Fabrício Queiroz, então seu assessor. Queiroz é acusado de operar um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A afirmação é do empresário Paulo Marinho, figura central na campanha à Presidência de Jair Bolsonaro, em entrevista à “Folha de S.Paulo”.

O empresário revelou ainda que policiais federais simpatizantes da candidatura de Jair Bolsonaro teriam retardado a operação, para que ela ocorresse apenas após a realização do segundo turno. O delegado teria sugerido que Flávio tomasse “providências” antes da operação. De acordo com Marinho, pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, as revelações foram feitas a ele pelo próprio Flávio, em 13 de dezembro de 2018, quando a Furna da Onça já havia sido realizada. A ação foi deflagrada em novembro de 2018.

O filho de Bolsonaro havia procurado o empresário porque queria uma indicação de advogado criminalista, uma vez que as investigações o implicavam, segundo o relato. Participaram do encontro na casa de Marinho e são testemunhas da conversa, garante o empresário, o advogado Victor Alves, da confiança de Flávio, e o advogado Christiano Fragoso, indicado à defesa do senador na ocasião.

– Ele (Flávio) estava absolutamente transtornado – disse Marinho na entrevista. – Dizia que tudo aquilo tinha sido uma grande traição, que se sentia muito decepcionado e preocupado com o que esse episódio poderia causar ao governo do pai.

O senador relatou na ocasião que um assessor seu de confiança, o ex-coronel Miguel Braga (que hoje chefia seu gabinete no senado), recebeu, logo após o primeiro turno, uma ligação de um delegado da PF do Rio que dizia ter uma informação de interesse de Flávio. Este, consultado, mandou Braga encontrá-lo. A reunião teria ocorrido na porta da Superintendência da PF na Praça Mauá, zona portuária do Rio, na presença do advogado Victor Alves e de outra pessoa da confiança do senador, Val Meliga.

De acordo com o relato de Marinho, Jair Bolsonaro foi informado da conversa e pediu para o filho demitir Queiroz e sua filha, Nathalia, do gabinete no mesmo dia. Ambos foram exonerados em 15 de outubro de 2018, entre os turnos da eleição e antes de a operação ser deflagrada.

Flávio disse a Marinho que não fazia mais contato com Queiroz, nem o atendia, para não ser acusado de estar orientando o ex-assessor. Mas revelou que o advogado Victor Alves continuava em contato com o ex-policial militar. Indicado por Marinho para auxiliar Flávio em sua defesa, o advogado Christiano Fragoso recomendou que se arranjasse um advogado para Queiroz e indicou Ralph Hage Vianna, disse o empresário na entrevista.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *