Mãe e filha morreram de Covid-19 em Vitória após esperarem durante dias por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). As idosas, de 87 e 64 anos, deram entrada juntas no Pronto Atendimento de São Pedro e morreram com seis dias de diferença.
A filha Dilzete Machado Bitti esperou por sete dias um leito de UTI. De acordo com a sobrinha, a comerciante Franciely Machado, 33, “dentro da ambulância ela teve que ser intubada e morreu. A gente perdeu minha tia pela demora na vaga”. A morte aconteceu na quinta-feira (8).
Já a mãe, Arlete Rangel, ficou 11 dias no PA. “Desde o segundo dia o médico solicitou a vaga em UTI, mas a vaga não saía. Vimos que pessoas mais novas que chegaram depois dela conseguiram o leito”, relatou a comerciante.
Ela foi transferida para a UTI na tarde de segunda (12) e morreu na noite de terça (13). “A revolta toda foi ver outras pessoas que chegaram depois dela serem transferida antes”, desabafou Franciely.
A neta disse ainda que Arlete tinha problemas cardíacos e estava em estado grave. A família ainda tinha esperança que ela seria curada após a transferência para a UTI. “A gente esperava recebê-la em casa com uma plaquinha ‘eu venci a Covid’”, destacou a comerciante.
A avó será enterrada no Cemitério Jardim da Paz, na Serra, às 14h30 desta quarta (14).
O outro lado
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que “lamenta profundamente o falecimento de dona Dilzete, mas informa que em nenhum momento a paciente ficou desassistida.
Esclarece que na primeira solicitação de leito feita pelo Pronto Atendimento, em 02 de abril, o quadro clínico descrito no Sistema de Regulação não apresentava critérios para internação em Unidade de Terapia Intensiva. Informa que após piora clínica, o Samu fez a transferência da paciente, em 07 de abril, de acordo com a disponibilidade de leito.
A Sesa esclarece que na unidade hospitalar a paciente recebeu toda a assistência necessária, mas infelizmente foi a óbito em 08 de abril.
É importante frisar que não está sendo utilizado o critério de idade como norteador de leito, mas sim a gravidade clínica dos pacientes que estão sem recurso de assistência. Todos os pacientes são transferidos de acordo com a prioridade clínica”.
A Sesa também foi procurada a respeito da morte de Arlete. Esta matéria será atualizada tão logo a resposta for enviada.
