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Notícias

‘Só quero que a justiça seja feita’, diz sobrinha de idoso que foi linchado após boato no ES

Com lágrimas nos olhos e o boné que pertencia ao tio nas mãos, Ivone Ferreira de Souza, que é sobrinha de Antônio Batista da Fonseca, o idoso que foi assassinado a pauladas no bairro Central Carapina, na Serra, na Grande Vitória, diz esperar que os acusados do crime sejam julgados e condenados.

“Eu não desejo mal para eles. Eu não desejo para eles nem um pouco do que meu tio passou. Só quero que a justiça seja feita e vai ser”, disse.

O assassinato de Antônio aconteceu no dia 30 de maio deste ano. Nesta segunda-feira (19) a Divisão Especializada de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra anunciou a prisão de quatro pessoas que participaram do assassinato. Todas estão presas e já são réus perante a Justiça por homicídio qualificado.

As investigações apontam que Antônio morreu vítima de uma mentira, após sua ex-namorada, de 26 anos, espalhar o falso boato de que ele havia abusado sexualmente de suas duas filhas. No entanto, laudos periciais e depoimentos de testemunhas fizeram com que a polícia descartasse o crime.

A autora dos boatos, que chegou a mentir em um primeiro depoimento, confessou que arquitetou a história para se vingar do idoso depois que ele pegou de volta um celular que havia lhe dado de presente.

Ivone, de 48 anos, não esquece das cenas de crueldade que presenciou.

Na data do assassinato, ela tentou salvar o tio das agressões e estava levando Antônio para sua casa quando ele foi novamente agredido com pauladas, desta vez até morte, no meio da rua.

“É uma sensação de incapacidade. O que eu queria era só trazer ele para dentro da minha casa e esperar a polícia chegar e fazer que tivesse que ser feito. Se ele devesse, que pagasse. Se não devesse, que acabasse por ali”, lembrou, emocionada.

A sobrinha lembra do pré-julgamento feito por parte da população na época do crime.

“Quero perguntar se valeu a pena a luta de vocês para matar um inocente. Quando eu falava que meu tio era inocente, vocês perguntavam: ‘e se fosse uma filha sua? E se fosse uma neta sua?’ Estão vendo aí, população? Não era minha filha, não era minha neta e não era filha de ninguém. Meu tio era inocente”, pontuou.

Em coletiva de imprensa, o delegado responsável pela investigação do caso, Rodrigo Sandi Mori, destacou a inocência de Antônio em relação ao suposto abuso sexual.

Contudo, destacou que, ainda que o idoso tivesse cometido tal crime, nada justificaria o linchamento da vítima.

“É importante ressaltar que fazer justiça com as próprias mãos constitui crime, pois cabe ao Estado e não às pessoas o poder e o dever de punir. Além disso, tomar decisões precipitadas pode gerar consequências graves, como aconteceu neste caso, em que um senhor de 74 anos foi morto de maneira covarde e brutal sem dever absolutamente nada”, destacou.