O preço do barril de petróleo subiu pela sexta vez seguida, superando os US$ 80 (cerca de R$ 433) pela primeira vez em três anos. Com isso, especialistas preveem que o preço da gasolina ultrapasse os R$ 8 no Estado.
“Não adianta o governo federal insistir na narrativa de que a culpa é dos governadores e do ICMS”, disse o economista Ricardo Paixão.
Ele entende que falta atuação do governo federal sobre a Petrobras. “A estatal acumula lucros e poderia dividir o ônus e não repassar o valor integral ao consumidor final. É preciso que haja uma revisão nessa questão. Vai chegar a mais de R$ 8 até o fim do ano desse jeito”.
Já o economista Marcelo Loyola Fraga trata a gasolina aos R$ 8 como “inevitável”, avaliando que as falas recentes do governo dão indícios de que a situação só irá piorar. Bolsonaro disse que nada está tão ruim que não possa piorar.
“Isso passa uma péssima imagem para investidores, agentes econômicos e para a população. Não à toa, o dólar subiu após essa fala dele. Colocou-se um general na Petrobras (Joaquim Silva e Luna, que preside a estatal) que não resolveu nada. Ou o governo interfere, ou os preços seguirão aumentando para satisfazer os acionistas da Petrobras.”
Eduardo Araújo, também economista, acredita que a gasolina não atingirá os R$ 8.
“Veremos uma variação justamente pelo clima eleitoral para 2022. Bolsonaro não vai querer perder popularidade. O governo fará uma movimentação para controlar os preços dos combustíveis, mesmo assim, vejo o preço da gasolina ficando na faixa dos R$ 7,10.”
Na última segunda-feira, a Petrobras declarou que é responsável por apenas R$ 2 na composição de preços da gasolina, enfatizando que “tudo o que excede R$ 2 não é responsabilidade da Petrobras”, indicando que é uma questão que o governo federal deve resolver.
Já o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o preço dos combustíveis está alto em todo o mundo. “Está alto porque a pandemia está acabando, a produção de petróleo caiu muito durante esse período da pandemia e o preço subiu absurdamente”.
O que forma o preço
Composição
- O cálculo ao lado, realizado pela Petrobras, é baseado nos preços médios da estatal e nos preços médios ao consumidor final nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.
- No caso da gasolina, 33,4% do valor que o consumidor paga nas bombas equivale ao preço que a Petrobras cobra às distribuidoras. Com base no valor atual da gasolina no Estado (R$ 6,26, segundo dados da Sefaz), isso representa R$ 2,09084 do total.
- À gasolina que sai pura da refinaria é acrescentado álcool anidro, elevando o preço em 16,9%. Isso representa R$ 0,70738 do total.
- A gasolina sai da Petrobras com o valor do produto mais os tributos federais: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), partilhada com estados e municípios; o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Eles equivalem a 11,3% do valor final, ou R$ 0,70738 dos R$ 6,26.
- O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado pelos estados e pelo Distrito Federal, soma mais 27,7% ao preço da gasolina, ou R$ 1,73402 . Esse é o valor médio nacional. No Estado, o imposto é de 27%, o terceiro menor cobrado no País, o que equivaleria a R$ 1,6902 de R$ 6,26.
- Por fim, cerca de 12% do valor cobrado pela gasolina equivale à distribuição e revenda. Essa é a faixa de lucro dos postos de combustíveis, e equivale a R$ 0,66982 dos R$ 6,26.