De janeiro a outubro de 2022 foram registrados 1.390 crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes no Espírito Santo, de acordo com dados da Secretaria de Segurança do Espírito Santo (Sesp). Os crimes vão de agressão física à abusos psicológicos.

Do total de casos, 994 foram estupros, 123 casos de crimes contra a dignidade sexual, como, por exemplo, produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente e 103 casos de assédio sexual.

No que corresponde a faixa etária, 489 vítimas eram crianças entre 1 a 10 anos, e 901 casos tinham entre 11 e 17 anos.

Trauma

Um desses casos foi descoberto em 2021 por uma mãe de três filhos. A avó das crianças disse à reportagem que a mulher é divorciada e, em um final de semana quando as crianças chegaram da casa da casa do pai, escutou o relato do filho de dois anos quando foi dar banho no menino.

“É um sentimento de nojo, de desespero, impotência, de angústia, nojo, de tristeza. Infelizmente, através da fala do bebê, nós descobrimos o que acontecia com a irmã mais velha até então. Há uns sete anos, o pai começou esses abusos com a irmã mais velha. Tem a irmã do meio que ela não fala sobre o assunto, ela só chora. Não tenho relato dela que o pai tenha cometido, mas pela situação dela psicológica, provavelmente ele deve ter feito com ela também “, disse a avó que não quis se identificar.

Avó disse à reportagem como a filha descobriu que os netos eram explorados sexualmente. Crime aconteceu no Espírito Santo. — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Ainda segundo a avó, depois de descobrir os abusos, a mãe passou a enfrentar problemas psicológicos, assim como as vítimas.

“Crises, desespero, choro. A irmã mais velha está medicada, e está melhor. Mas a irmã do meio ainda está muito difícil”, disse a avó.

O processo segue sob segredo de Justiça por envolver menores de idade.

Superação

De acordo com a enfermeira e coordenadora do Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual (SASV) do município da Serra, na Grande Vitória, para superar esse trauma é necessário uma rede de apoio que possa dar suporte às crianças e adolescentes vítimas.

“É preciso apoio profissional; em alguns casos, medicamentos; e manter a vítima afastada do agressor. Hoje a gente trabalha com o paciente no intuito da cura desse trauma que ele dofreu. A gente acredita que, de seis meses a um ano, dependendo de cada pessoa, a consiga reabilitar a pessoa, fazer com que a pessoa não sofra mais por causa dese trauma específico”, explicou a coordenadora.

Como procurar ajuda nos municípios?

Serra

A Secretaria de Saúde da Serra oferece um Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual (SASV). O serviço é 24 horas por dia, todos os dias da semana, localizado no térreo do hospital municipal materno infantil, em Colina de Laranjeiras.

Trata-se de um serviço de saúde de média e alta complexidade, que se constitui como referência para acompanhamento de pessoas em situação de violência sexual em todos os ciclos de vida e gênero, que necessitem de atendimento interdisciplinar, especializado em saúde.

Fazem parte da equipe do SASV, um médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social e psicólogo. O atendimento é porta aberta, ou seja, a vítima terá acesso ao serviço a qualquer tempo, com acolhimento imediato, para dar início aos cuidados.

Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual – (SASV)

Endereço: Hospital Municipal Materno Infantil Maria da Glória Merçon Vieira Cardoso – (Rua: Adaucto morais da silva, Civit II)

Contato: (27) 9.8166-1308 / E-mail: sesa.sasv@serra.es.gov.br

Cariacica

Em Cariacica, a equipe de estratégia da saúde da família (ESF) faz visita domiciliar e acompanhamento do caso.

Na área da assistência social, está disponível o acompanhamento psicossocial nos centros de referência especializados de assistência social (CREAS), que em Cariacica estão em Campo grande e em Itacibá.

O Creas oferta o serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos (PAEFI), que tem por objetivo ofertar atendimento psicossocial e promover o fortalecimento dos vínculos familiares às vítimas de violação de direitos.

A porta de entrada ocorre por meio encaminhamentos realizados pelos serviços de saúde, educação, conselho tutelar, delegacias especializadas, judiciário, Ministério Público.

Vitória

Vitória conta com o Centro de Atenção à Mulher e à Família, a Casa Rosa. Um equipamento de saúde para atender mulheres e famílias vítimas de violência, em situação de vulnerabilidade, que presta cuidado em saúde aos cidadãos da capital que estão em situação de violência.

A casa rosa atende aproximadamente 290 pessoas por mês. Deste total, 55% são de violência sexual. O atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar com onze profissionais dentre: médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeira, técnico de enfermagem. O atendimento engloba escuta qualificada com avaliação de risco, atendimento médico e psicossocial e avaliação integral das condições gerais de saúde.

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As pessoas são encaminhadas pelos diversos serviços da rede pública: assistência social, escolas, saúde e também pelos pelos serviços da rede de proteção – Ministério Público, Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), conselhos tutelares, além das demandas espontâneas.

A Casa Rosa funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O agendamento pode ser feito por meio dos telefones (27) 3332 3290 ou (27) 9 9773-5393, pelo e-mail casarosa@vitoria.es.gov.br ou de forma presencial, na rua hermes curry carneiro, n° 360, Ilha de Santa Maria.

Viana

A Prefeitura de Viana, por meio da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (SEMTRADES) informa que, em caso de vítima de violência sexual, há oferta do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), é um serviço inserido no âmbito da Proteção Social Especial de Média Complexidade da Política de Assistência Social. Presta ações de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos com encaminhamento para a política de saúde para atendimentos, principalmente acompanhamento psicológico.

Para crianças e adolescentes com idade até 18 anos de ambos os sexos com que vivenciaram violência sexual e afastada do convívio familiar, por medida protetiva, o município possui acolhimento institucional para ofertar.