Reviravolta: outras pessoas estavam no parque quando jovem teve barriga aberta em Guarapari
A história de Gabriel Muniz Pickersgill, que teve a barriga aberta e parte do intestino retirado na Praia do Ermitão, em Guarapari, ganhou um novo capítulo nesta semana. Novas imagens mostram que pelo menos oito pessoas estiveram no parque no dia 16 de janeiro de 2022, quando ocorreu o crime.
De acordo com Lécio Machado, advogado de defesa da namorada do jovem, Lívia Lima Simões, o Ministério Público Estadual a acusou de forma equivocada, ressaltando que ela, na verdade, deveria ser tratada como vítima, assim como Gabriel.
O advogado explicou que a acusação do Ministério Público tomou como fundamento a seguinte alegação: “importante mencionar que a investigação revelou que nenhuma outra pessoas foi vista entrando ou saindo do local em que se desenrolou a cena do crime”.
No entanto, a defesa destacou ainda que “tal alegação foi feita sem o delegado ou o promotor se deter aos vídeos e imagens que foram juntados aos autos, que demonstra a entrada de saída de várias pessoas naquele local e naquele dia.”
Segundo o advogado, as imagens identificaram as seguintes movimentações:
1. Às 20h55: entram dois homens com lanterna no parque;
2. Às 21h05: uma pessoa junto à pedra;
3. Às 22h37: homem caminha no parque;
4. Às 00h09: duas pessoas são observadas nas pedras;
5. Às 02h55: pode-se observar a presença de dois rapazes com luzes.
Por conta das imagens apresentadas pelo advogado de Lívia, além de outros pontos destacados por ele nas alegações finais da fase processual, como as lesões no corpo da jovem e a afirmação de Gabriel de que Lívia não o havia ferido, a defesa da garota pediu a absolvição dela.
Lívia foi denunciada pelo Ministério Público Estadual por agredir e cortar parte do intestino do namorado. A denúncia foi apresentada depois que a Polícia Civil indiciou a jovem.
Na segunda-feira (24), o juiz Edmilson Souza Santos, da 2ª Vara Criminal de Guarapari, decidiu absolver a jovem por não haver provas suficientes para uma sentença condenatória.
Ao ser procurado pela reportagem, o Ministério Público informou que a certeza de autoria do crime não se confirmou, e considerou as provas do processo “frágeis”.
Já a Polícia Civil, esclareceu que compete ao inquérito policial indicar a autoria de um fato delituoso, o que no caso em questão, foi feito com base em vestígios biológicos coletados no local do crime, além de análises de imagens e depoimentos.
Veja a nota na íntegra:
“A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) esclarece que compete ao inquérito policial indicar a autoria de um fato delituoso, o que foi feito com base em vestígios coletados no local do crime, bem como análises de imagens e depoimentos.
Em seus levantamentos, a Polícia Civil identificou que havia vestígios biológicos de apenas duas pessoas no local do fato, sendo a vítima e a namorada. A análise das imagens de videomonitoramento da entrada do parque também não evidenciou a presença de uma terceira pessoa.
Ademais, não foi possível realizar a perícia no local, uma vez que a cena do crime foi descaracterizada após o socorro da vítima, que apresentou corte grotesco no abdômen e remoção de vísceras.
O Inquérito Policial foi concluído com o indiciamento da namorada da vítima, entretanto, a autoria indicada durante a fase de Investigação não restou confirmada na fase de Instrução Criminal.
A PCES reitera que respeita a decisão soberana do Poder Judiciário, tomada conforme preceitua o artigo 155 do Código de Processo Penal e sempre trabalha com o intuito de coletar elementos comprobatórios com a melhor qualidade possível.”
Caso teve repercussão nacional
O caso ocorreu no dia 16 de janeiro do ano passado e teve repercussão nacional. Os dois tinham ido até a Praia do Ermitão e lá, segundo a polícia, consumiram bebidas alcoólicas e drogas.
O rapaz havia acabado de ganhar uma bolsa de estudos e saiu para comemorar e se despedir da namorada, já que viajaria para os Estados Unidos.
Os dois ficaram cerca de sete horas no local, como mostraram imagens de videomonitoramento analisadas na época. O relógio da câmera de segurança marcava 21h01, do dia 15 de janeiro, quando o casal aparece caminhando pela lateral da Praia do Morro, que dá acesso ao parque.
O rapaz e namorada caminham em direção às pedras que dão acesso a uma trilha do parque. A entrada é alternativa e fica fora do portão principal, que estava fechado.
Nas imagens, é possível ver que o rapaz está com uma lanterna e carrega uma mochila nas costas. A jovem segue logo atrás dele.
Cerca de sete horas depois, a jovem aparece nas imagens pedindo ajuda ao vigia do parque, que não aparece no vídeo devido ao ângulo da câmera. Segundo fontes ouvidas pela TV Vitória/Record TV na época, dez minutos após o pedido de socorro, o vigia ligou para a central do parque e informou o ocorrido.