Uma investigação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apura a venda de postos de trabalho e de benefícios em projetos sociais na Penitenciária de Segurança Máxima 1, em Viana.
A investigação começou após um detento confessar que pagou R$ 8 mil, por meio de familiares, para ter acesso à vaga de trabalho na cozinha do presídio.
Nesta sexta-feira (09), o MPES deflagrou a operação e três pessoas foram detidas. Entre elas estão uma advogada, um ex-diretor adjunto da penitenciária e um servidor público. Além das prisões, também foi expedido mandado de prisão contra um interno da unidade.
Como funcionava esquema de venda de postos de trabalho em presídio?
Entre novembro e final de dezembro de 2022, segundo apurou o MPES, um servidor público, integrante da direção da unidade prisional, implementou o esquema criminoso para a venda de postos de trabalho.
De acordo com a investigação, o esquema de corrupção envolvia a “venda de camisas” (postos de trabalho) e outros benefícios no âmbito do Projeto Amigurumi (crochê), concentrado em duas galerias da unidade.
Para operar o esquema, os servidores públicos contavam com a participação de um interno, que negociava os benefícios entre os demais presos por valores pagos em espécie.
Eram impostos valores diferenciados, de acordo com a capacidade econômica dos presos e conforme integrassem ou não a mesma facção do denunciado, que poderia reter para si parcela do valor eventualmente cobrado a maior.
A venda de benefícios também ocorria em meio a ameaças ou retaliações ou, ainda, imposição de sanções disciplinares infundadas. Uma advogada e esposa de um dos presos também ajudava a coletar os valores pagos pelos internos.
O esquema fraudulento também foi confirmado por mais de 30 internos, em uma sindicância instaurada pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) para apurar os fatos.
A operação é realizada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (GETEP), com o apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES e da Polícia Penal do Espírito Santo.
O que diz a Secretaria de Justiça?
Em nota, a Secretaria da Justiça (Sejus) informou que o servidor investigado foi nomeado como diretor-adjunto da unidade prisional em abril de 2021 e exonerado do cargo em dezembro de 2022. Atualmente, ele exercia funções como policial penal na área de escolta prisional.