O professor de 44 anos preso suspeito de estuprar alunas de escolas públicas em Vila Velha e Cariacica fez pelo menos 21 vítimas, segundo a Polícia Civil. Elas já foram identificadas e têm idades entre 9 e 16 anos.
A prisão do professor aconteceu no dia 10 de novembro. A investigação pelo crime de estupro de vulnerável começou após as denúncias de cinco alunas, que procuraram a delegacia e, ao lado dos responsáveis, comunicaram a violência.
“No dia 4 de novembro foi registrado na DPCA um boletim de ocorrência em que cinco meninas de 9 anos de idade denunciavam um professor substituto por ter passado a mão nas partes íntimas delas durante a aula. A partir desse momento, a DPCA encaminhou essas vítimas ao setor psicossocial, elas foram ouvidas pelas psicólogas e assistentes sociais e narraram o crime. A partir desse momento, nós representamos pela prisão dele e no dia 10 cumprimos a prisão preventiva”, disse a delegada Gabriella Zaché.
Após os depoimentos das estudantes, a Polícia Civil passou a investigar o caso e descobriu que, entre 2014 e 2019, o professor já havia sido alvo de reclamações em escolas de Vila Velha.
“Foi feito um levantamento na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e a gente encontrou procedimentos anteriores também em relação a esse mesmo professor que narrava o mesmo tipo de conduta dele com outras alunas de 9 a 16 anos em que ele também passava as mãos nas partes íntimas dessas alunas”, disse a delegada.
Segundo o delegado Leonardo Vanaz, adjunto da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em um dos crimes, uma vítima contou que pediu para ir ao banheiro e, no caminho, foi seguida pelo educador.
“A vítima tinha 14 anos na época, e ela começou a ser percebida por ele no ônibus que ia para a escola. Ele começou a mostrar vídeos pornográficos no ônibus para ela, começou a dar em cima, também começou a constranger a aluna durante as aulas. Em determinado dia, a vítima narra que pediu para ir até o banheiro durante a aula e nesse momento ele adentrou no banheiro feminino e encurralou a vítima, quando teria praticado beijo forçado, mordidas e outros atos libidinosos. Isso se aproveitando do momento em que todos estavam na aula e que a adolescente tinha ido até o banheiro”, disse o delegado.
O suspeito é professor desde 2013 e trabalhou em escolas municipais e estaduais de Cariacica e Vila Velha. Segundo a DPCA, as escolas já haviam sido informadas pelos pais dos alunos sobre a conduta inadequada do servidor.
Professor diz que vítimas estão “confundindo as coisas”
O professor foi preso no município de Vila Velha e não confessou os crimes. Em depoimento, ele alegou que as vítimas estariam “confundindo as coisas”.
Segundo o delegado Leonardo Vanaz, as investigações continuam e novas vítimas devem procurar a Delegacia Especializada de Proteção a Criança e o Adolescente.
Até o momento, a polícia conseguiu encontrar 21 vítimas, sendo que sete eram de Cariacica e 14 de Vila Velha.
Os delegados orientam que qualquer mudança no comportamento de crianças e adolescentes deve ser notada e acompanhada pelos responsáveis.
“Eu quero dizer a toda a população, a diretores de escolas, a pais, que observem o comportamento dos seus filhos, conversem com seus filhos, percebam se eles estão muito calados, se eles estão introvertidos, porque escola é um local de segurança, não pode acontecer isso. E também aos diretores desses educandários, que ao perceberem também comportamentos de professores ou qualquer outra pessoa dentro da escola que possa possibilitar esse tipo de crime, que comuniquem a DPCA. Nós não vamos permitir que essas pessoas continuem abusando de nossas crianças”, disse o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda.
Secretaria de Cariacica demitiu o professor
Após as acusações contra o professor, que dava aulas em uma escola municipal de Cariacica, a Secretaria de Educação do município informou que ele foi demitido, tendo a demissão sido publicada no Diário Oficial do município no último dia 12.
A secretaria declarou que ele havia sido afastado imediatamente após tomarem conhecimento sobre o ocorrido. Além disso, ele está proibido de assumir qualquer cargo público por oito anos.
Já a Secretaria de Educação de Vila Velha declarou que o professor, que lecionava a disciplina de Ensino Religioso, teve contrato rescindido em maio de 2019, em decorrência de acusação de assédio. “Após medidas internas e solicitação de ordem de restrição, o profissional ficou impedido de retornar à rede municipal de ensino”, finalizou a nota encaminhada à reportagem.
A Secretaria Estadual de Educação (Sedu) informou que o professor suspeito de estupro atuou na Rede Estadual de Ensino como DT em Vila Velha até o ano de 2021.