O ataque realizado em duas escolas de Aracruz, nesta sexta-feira (25), se configura como a terceira ocorrência policial envolvendo escolas somente neste ano no Estado. Ao contrário da tragédia ocorrida em Aracruz, nos outros casos a polícia conseguiu evitar o pior.
Em agosto deste ano, o jovem Henrique Lira Trad, de 18 anos, invadiu a escola Éber Louzada Zippinotti, no bairro Jardim da Penha, em Vitória. Na ocasião, Henrique ameaçou matar estudantes e funcionários da instituição.
O jovem era um ex-aluno da escola e invadiu o local portando facas ninjas, flechas e coquetéis molotov. Moradores chamaram a polícia antes que o plano de Trad fosse executado.
Ele foi preso e autuado em flagrante por tentativa de homicídio qualificado. Henrique está no Centro de Detenção Provisória de Viana 2.
Já no dia 1º de setembro, a Polícia Civil identificou uma criança de apenas 11 anos que fez ameaças para estudantes de uma escola municipal de Vitória. A ameaça era feita através de uma rede social com a foto de uma arma.
O menino disse que tudo se tratava de uma brincadeira que começou na internet. Ele explicou que conheceu um adolescente de 13 anos, em um jogo online, que disse que pagaria R$ 30 caso enviasse a foto.
Esses casos se somam ao ataque desta sexta-feira realizado por um adolescente de 16 anos em duas escolas de Aracruz, no Norte do Estado, que deixou três mortos e 13 pessoas feridas. Em comum está o fato que em todos os episódios os envolvidos são muito jovens.
Para a coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Espírito Santo, Adriana Ilha, as mudanças na sociedade têm contribuído para crimes desta natureza.
“Nós temos uma sociedade que hoje está mais intolerante, muito polarizada. Com isolamento que vivemos na pandemia, as pessoas estão cada vez com menos empatia, com menos solidariedade social. Se exacerbou a questão do individualismo, aí você vê consequências sobre essa questão de bullying e de preconceitos dos mais diversos”, explicou.
De acordo com o especialista em segurança Raphael Pereira, ataques como esses são de difícil prevenção e que é preciso desenvolver políticas públicas específicas para enfrentar e inibir novos ataques.
“Tem que ser criada uma rede de prevenção, uma rede de atenção, uma rede com a psicologia atuando, com a segurança pública atuando, com a família, ou seja, é um momento de se pensar a segurança pública na área educacional”, afirmou.