‘Médicos terão que escolher quem vai viver e quem vai morrer’, diz secretário de Governo do ES
A partir desta segunda-feira (8), o Governo do Espírito Santo está adotando uma nova Matriz de Risco com as medidas a serem adotadas pelos municípios no enfrentamento da Covid-19.
Por causa da ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em mais de 80%, nenhum município do estado é considerado de risco baixo para a doença.
O secretário de Estado de Governo, Tyago Hoffmann, explicou que esse foi o principal fator para que os municípios fossem reclassificados para o risco da doença.
O cálculo também leva em consideração a taxa de incidência de casos. Atualmente, a Matriz considera 36 municípios como risco alto e 42 de risco moderado.
“Se chegarmos ao ponto de ter esses 800 leitos ocupados – de abre leito, ocupa leito – os médicos no Espírito Santo terão a dura missão de escolher quem vai viver e quem vai morrer”, alertou Hoffmann em entrevista ao Bom Dia ES desta segunda.
Ao todo, o estado tem 800 leitos de UTI para o tratamento de pacientes de Covid-19. Segundo o secretário, cerca de 600 já estão ocupados com vítimas da doença.
Até este domingo (7), 832 mortes e 19.619 casos do novo coronavírus foram confirmados no estado.
O secretário informou que, desde o início da pandemia do novo coronavírus no Espírito Santo, já foram abertos mil leitos (600 de UTI e 400 de enfermaria).
Ele ainda ressaltou sobre a impossibilidade de abertura de novos leitos. Além da estrutura de uma UTI, não haverá equipe médica e pode faltar medicamento para o atendimento.
“O limite do Espírito Santo é 800 leitos. Nós não teremos equipes de trabalho suficientes, porque essas equipes também adoecem. Nós não temos condições físicas, financeiras e nem de equipe de profissionais para ultrapassar esses 800 leitos. Não podemos abrir leitos de UTI de forma indefinida, de forma eterna. Uma hora os leitos de UTI vão acabar. Nós estamos chegando perto do limite”, enfatizou.
De acordo com Hoffmann, ainda não há registro de escassez de remédios em unidades do estado, mas já existe preocupação em relação a isso.
“Como está aumentando o número de brasileiros em leitos de UTI, não está tendo medicamento suficiente no mercado nacional para abastecer todos os estados”, informou.
Para que não seja necessário escolher entre quem vai viver ou morrer pela Covid-19, Hoffmann reforçou o pedido para que capixabas cumpram as medidas de isolamento social e só saiam de casa quando for necessário.
“Nós precisamos fazer esse apelo para que evitem sair de casa o máximo possível, fiquem em casa, façam o isolamento social. É o isolamento social que vai salvar vidas e não o leito. Se a pessoa precisa de leito é porque já está em estado grave da doença. Nós temos que evitar que a pessoa chegue no leito e a única forma é pelo isolamento social”.
Informações: G1/ES