Os leitos de UTI para pacientes com Covid-19 no Sul do Espírito Santo chegaram ao limite de ocupação. Nesta quarta-feira (17), restam poucas vagas disponíveis nos três hospitais públicos de referência para o tratamento da doença na região. Em um deles, os leitos que ainda não estão ocupados foram bloqueados por falta de medicamento.
Os dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) apontam que a região Sul conta com 64 leitos de UTI. Destes, 52 estão ocupados. Dos 12 livres, dez são do Hospital Infantil Francisco de Assis (Hifa), em Cachoeiro de Itapemirim.
A inclusão dos leitos infantis na contagem geral, inclusive, já foi alvo do Ministério Público Federal, que chamou os números fornecidos pelo Governo do Estado de enganosos e pediu que a forma de divulgação fosse alterada.
No Hospital Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim (HSCMCI), também em Cachoeiro, os três leitos de isolamento estão ocupados. Dos outros 24, 23 têm pacientes.
No Hospital Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, apenas um leito ainda está desocupado.
No Hospital Evangélico de Itapemirim, em Itapemirim, os 17 leitos de UTI estão ocupados. Os outros três estão bloqueados por falta de medicamento.
“Ontem, dos 20 leitos, 17 estavam ocupados e três bloqueados. Foram dadas duas altas, mas foram admitidos mais dois pacientes, então continuamos como estávamos. Três leitos bloqueados porque o estoque de medicamento não é seguro para encher os 20 leitos. Por circunstância de gravidade de pacientes, tive que aceitar dois, mas numa situação não confortável. Tenho que torcer para que a demanda não seja tão grande nos próximos dias”, disse o coordenador da unidade, Marllus Thompson.
A falta de vagas já é sentida por pacientes que precisam de atendimento e não conseguem internação. A mãe da dona de casa Maiara Romaneli esperou três dias no Pronto-Atendimento de Cachoeiro por uma vaga de UTI.
Na tarde desta quarta-feira (17), a solução foi transferir a paciente para o Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra, na Grande Vitória.
Diante da situação de desgaste físico e emocional dos profissionais de saúde, o coordenador da unidade, Marllus Thompson, desabafou.
“Temos vivido dias muito difíceis. Se isso não for um caso de colapso, eu tenho bastante receio do que pode significar essa palavra. Eu trabalho 24 horas lá, venho para casa, continuo trabalhando o tempo todo. Se não bastasse isso, existe esse stress, tem que ficar fazendo conta de medicação, porque tenho pacientes internados lá e é muito angustiante para nós termos três leitos bloqueados por falta de remédio”, disse Thompson.
O Governo do Estado já chegou a anunciar a possibilidade da construção de um hospital de Campanha em Cachoeiro de Itapemirim, mas a medida ainda não foi confirmada.
A Secretaria da Saúde (Sesa) informou que a capacidade de atendimento para pacientes Covid-19 está sendo ampliada semanalmente com a abertura de leitos que estão distribuídos em unidades próprias (majoritariamente) e em contratualização com entidades filantrópicas e hospitais privados.
Segundo a Sesa, a previsão para o final do mês de junho era disponibilizar, seja com abertura, adaptação ou compra de leitos, mais de 1,3 mil leitos. Atualmente, a rede conta com 1.338 leitos do SUS.