O policial militar Bruno Ferrani, de 30 anos, morto na madrugada deste domingo (16), em tragédia que também matou o colega Paulo Eduardo Celini, deixou duas crianças, uma de seis anos e outra de três, diagnosticada com autismo.
Em entrevista à reportagem da TV Vitória, o pai de Bruno, o senhor José Ferrani, um comerciante de 63 anos, contou que o filho era um exemplo de pai e que ele vai fazer muita falta, já que as filhas precisavam muito dele. Além das crianças, a mãe do policial, casada com o comerciante há 36 anos, está arrasada.
“Quando ele voltava do serviço, a primeira coisa que fazia era subir para ver a mãe, que fazia a comida dele. Tenho muito orgulho de quem ele foi, por estar na corporação e pela inteligência dele. Ele vendia roupa, além de ser policial, era um grande batalhador, que corria muito atrás das coisas. Outro dia ele me falou “Pai, estou com vontade de abrir uma loja” e eu falei: ‘filho, são muitos altos os custos'”, acrescentou.
Segundo José, o salário do filho não era suficiente para todos os custos dele, já que criava uma filha com autismo. Por esse motivo, precisava ter outra fonte de renda e vender roupas. Apesar de tudo, o sonho do jovem sempre foi de ser policial, também para deixar a mãe realizada.
Em relato emocionado, o comerciante disse que a morte do filho levou metade de sua própria vida. “E ainda arrebentou as crianças dele. É mais um que se foi. Os suspeitos foram presos, mas o meu filho está preso para nunca mais sair. E outro dia os bandidos estão na rua pra fazer tudo de novo. Isso é muito doído”, desabafou.
Também de acordo com o pai de Bruno, vários colegas estão dando apoio à família, o que garante que o filho terá um enterro digno. O soldado já estava há oito anos na polícia, e, nas palavras de José, foram anos de dedicação, amor, e amizade por onde passava.
“Ele era o xodó de todo mundo, o filho que todo mundo queria ter e agora está no caixão. Parece que querem policial só para trabalhar, apoio não tem. Estou sofrendo e ele foi embora”, disse.
Pai sonhou com filho antes da tragédia
Um dos aspectos que mais impressionaram na narrativa do pai, foi que o idoso disse ter sonhado com os dois filhos logo antes de ser acordado por colegas militares da vítima, às 4h30, que contaram a ele sobre a tragédia.
Ferrani relatou que quando viu a forma como o foram chamar, já percebeu que havia algo de muito errado.
“Tive um sonho, juro por deus, com a minha esposa, falando com meus filhos, e eu estava bravo com ela para ela não chamar tanta a atenção deles. Acordei e um pouco depois ouvi o pessoal batendo palma e me chamando urgente. Já falei logo: aconteceu alguma coisa com meu filho. Desci e falei: mataram ele, vocês não iam vir se ele estivesse no hospital”.