Termômetro marca 59ºC no ES, e viraliza: equipamentos nas ruas são confiáveis?

A imagem de um termômetro em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, marcando 59ºC surpreendeu os capixabas na última segunda-feira (13). A foto viralizou nas redes sociais e o registro chamou a atenção pela alta temperatura marcada no equipamento que fica no centro da cidade. Naquele dia, a temperatura oficial na região chegou aos 40ºC, segundo o Climatempo, o que gerou dúvidas sobre a precisão das medições feitas por esses termômetros de rua: será que são confiáveis?
O estado passa por uma forte onda de calor e diversas cidades registraram recordes de temperatura nos últimos dias. Mas nem mesmo esse fenômeno, de acordo com o Climatempo e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi capaz de elevar tanto a temperatura na cidade. Nem a sensação térmica, que costuma ser mais alta do que temperatura real, alcançou os 59ºC nesta semana, segundo dados oficiais.
O que explicaria, portanto, essas diferenças de medições das temperaturas?
A meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo, explicou que os termômetros de rua podem exibir valores diferentes dos registrados oficialmente por conta das condições dos locais que estão.
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Termômetro de rua chegou a marcar 39ºC — Foto: Marcus Pena/TV Integração
“Termômetros de rua estão sobre o asfalto e, por isso, mostram temperaturas muito mais elevadas do que aquelas registradas nos termômetros que estão à sombra – colocados de forma tecnicamente correta. O ar ao redor do termômetro de rua está absorvendo mais calor, emitido pelo concreto e asfalto”, disse a especialista.
O Inmet ressaltou que “alguns aparelhos podem sofrer desgaste ao longo do tempo devido a condições climáticas adversas, vandalismo ou simples falta de manutenção”. Isso também ajudaria a explicar o motivo das diferenças de registros entre equipamentos.
O instituto destacou ainda que “um termômetro de rua, sem regulagem adequada e sujeito a diversas condições ambientais, não pode ser considerado uma fonte oficial de dados de temperatura”.
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Estados recebem alerta de onda de calor — Foto: INMET
Questionado pela reportagem do g1 sobre a eficiência dos termômetros de rua, o professor do departamento de Física da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ernani Rodrigues, exemplificou:
“É como um carro estacionado o dia todo sob o sol, por exemplo. A temperatura do lado de fora poderia estar a 30ºC, mas no interior dele estava 47ºC ou 51ºC, porque o carro absorveu o calor ao longo do dia de exposição ao sol”.
O exemplo dado pelo professor explica o que pode ter acontecido com o equipamento de medição em Cachoeiro de Itapemirim.
“O termômetro dá uma noção da temperatura de onde o termômetro está. Porém, a temperatura dentro da caixa de metal, onde fica o sensor, não reflete a temperatura da cidade, do exterior do equipamento”, explicou. “O asfalto tem uma influência muito grande nos microclimas, porque ele tem uma capacidade muito grande de absorver e refletir a radiação”, complementou o professor.
Onda de calor e temperaturas recordes no ES
Nesta semana, o Inmet emitiu um alerta vermelho de “grande perigo” – o maior na classificação de risco – para todo o Espírito Santo. O aviso é válido até sexta-feira (17). Neste período, as temperaturas podem ficar até 5ºC acima da média.
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Temperaturas altas encheram as praias de Vitória, ES, neste domingo (12) — Foto: Vitor Jubini
Cidades capixabas registraram dois dias de recordes seguidos de altas temperaturas do ano. No domingo (12), os termômetros atingiram 40,8°C em Alegre, na Região Sul, e em Marilândia, na Região Noroeste.
Em Vitória, os termômetros chegaram a 37,7°C, superando o recorde anterior do dia 4 de novembro, de 31,7°C.
Na segunda, essas temperaturas foram superadas. Novamente em Alegre, os termômetros marcaram 41,6ºC, a quinta maior temperatura de todo o país naquele dia. Para se uma ideia, a cidade mais quente do Brasil na segunda foi Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul (MS), com 42,2ºC.