Guarapari: “A depressão levou meu filho de 10 anos”

Uma semana após perder o filho de 10 anos, a fotógrafa Cida Rocha, 32, moradora de Guarapari, relata que o menino apresentou alguns sinais de depressão, mas ela só percebeu após sua morte.

Felipe Rocha era estudante do 5º ano do ensino fundamental, e a mãe conta que se tratava de uma criança muito alegre, prestativa e que adorava brincar na rua com os amigos.

“Nunca imaginaria que o meu filho iria se matar por causa dessa doença. Ele foi vítima de uma doença chamada depressão silenciosa. A depressão levou meu filho de 10 anos. A gente diz que a depressão fala, porque aparentemente emagrece, a pessoa fica triste, cabisbaixa, diz que vai se matar. Na depressão silenciosa, nem ela mesmo sabe que se trata de uma doença”, comentou a mãe.

Há um mês, mãe e filho viajaram juntos, e o pequeno pediu que a próxima viagem fosse programada junto com o pai, o pescador especializado em pesca subaquática Wederlei Mendes da Vitória, 39.

Felipe, segundo a mãe, amava conhecer novos lugares. Nas últimas semanas, após voltar para casa, as conversas foram diferentes do normal, e o menino chegou a dizer que não queria mais viajar no aniversário.

“Ele completaria 11 anos agora, no dia 30. Eu sempre dava a opção de escolher festa ou viagem. Ele gostava muito de viajar. Ele queria conhecer o aquário no Rio de Janeiro e depois ir a outros lugares. Me preocupou ele ter dito do nada que não queria mais a viagem. E eu perguntei a razão, mas ele disse que também não sabia.”

No dia da morte da criança, moradores disseram que o menino teria morrido por causa de um jogo eletrônico que ele gostava de jogar. Mas a mãe esclarece que Felipe não mexia no telefone há mais de um mês.

“Ele não mexia no celular desde o dia 21 de agosto, porque tinha tirado nota baixa em Matemática, e depois, na recuperação, tirou 10. Ele realmente gostava de um jogo, mas não teve nada a ver com isso. Inclusive não estava jogando. No YouTube, as pesquisas dele eram sempre sobre os desenhos que fazia, de como melhorar os traços”, disse.

Felipe deu entrada no Hospital Materno Infantil Francisco de Assis, em Guarapari, no último dia 15. Após estabilização, foi encaminhado para a UTI Infantil, mas o quadro era muito grave e a criança morreu na manhã do dia 16.

Informações: Por Roberta Bourguignon e Francine Spinassé, do jornal A Tribuna

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