Mais de 150 vacinas vencidas da Astrazeneca foram aplicadas no Estado. Veja os locais

Mais de 150 vacinas vencidas da Astrazeneca foram aplicadas no Estado. Veja os locais

Os registros oficiais do Ministério da Saúde apontam que, pelo menos, 26 mil doses vencidas da vacina AstraZeneca foram aplicadas em diversos postos de saúde do País, o que pode comprometer a proteção contra a Covid-19. Desse total, 159 foram utilizadas no Espírito Santo.

Esses dados foram descobertos em um levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo, que ainda informa que, até o dia 19 de junho, os imunizantes com o prazo de validade expirado haviam sido utilizados em 1.532 municípios brasileiros.

A cidade que mais aplicou as vacinas vencidas foi Maringá, no Paraná. No total, foram 3.536 pessoas imunizadas com o produto fora da validade, sendo todos na primeira dose. Depois, aparecem Belém (PA), com 2.673, São Paulo (SP), com 996, Nilópolis (RJ), com 852, e Salvador (BA), com 824.

Número do lote                        Vencimento

 4120Z001                                    29.mar

 4120Z004                                    13.abr

 4120Z005                                    14.abr

 CTMAV501                                  30.abr

 CTMAV505                                  31.mai

 CTMAV506                                  31.mai

CTMAV520                                  31.mai

 4120Z025                                    4.jun

Os demais municípios aplicaram menos de 700 vacinas vencidas, no entanto, a maioria não passou de dez doses. Outra informação levantada pela Folha de S. Paulo é que outra 114 mil doses da vacina AstraZeneca, que chegaram a ser distribuídas a estados e municípios dentro do prazo de validade já expiraram. O que não ficou claro é se elas foram descartadas ou se continuam sendo aplicadas.

Atualmente, a AstraZeneca é o imunizante mais usado no Brasil. Ela corresponde a 57% das doses aplicadas neste ano e a imensa maioria foi utilizada de acordo com as orientações do fabricante.

As vacinas vencidas fazem parte de oito lotes da AstraZeneca, que foram importados ou adquiridos por consórcio. O que expirou a mais tempo é datado do dia 29 de março e o que venceu há menos tempo tinha data de validade para o dia 4 de junho.

Para conferir o número do lote, basta conferir a carteira individual de vacinação onde foi registrada a imunização contra a Covid-19. Quem tiver recebido uma dose de um desses oito lotes de AstraZeneca após a data de validade deve procurar uma unidade de saúde para orientações e acompanhamento.

Segundo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, quem tomou imunizante vencido precisa se revacinar, pelo menos, 28 dias após ter recebido a dose administrada depois do vencimento. Na prática, é como se a pessoa não tivesse se vacinado.

O plano também define que cada indivíduo vacinado seja identificado com o lote da imunização recebida, o produtor da vacina e a dose aplicada. Isso é feito justamente para acompanhamento do Ministério da Saúde e eventual identificação de erros vacinais.

Confira os locais onde as doses vencidas foram aplicadas no Espírito Santo

  • Vitória Apart Hospital S A (Serra) – 74 doses;
  • Rede de Frio e Armazenamento e Distribuição de Vacinas E Imu (Cariacica) – 39 doses;
  • Unidade de Saúde de São Mateus US3 Centro de Saúde (São Mateus) – 10 doses;
  • Central de Imunobiologicos Municipal (Vitória) – 5 doses;
  • Hospital Santa Rita de Cassia (Vitória) – 4 doses;
  • Policlínica Municipal Bolivar de Abreu (Cachoeiro de Itapemirim) – 4 doses;
  • Centro Municipal de Saúde Arlinda Maria Junqueira Vionel (Guarapari) – 4 doses;
  • Unidade de Saúde da Família Barra do Jucu (Vila Velha) – 3 doses;
  • ESF de Cidade Continental (Serra) – 3 doses;
  • Hospital Santa Casa de Vitória (Vitória) – 2 doses;
  • Undiade Básica de Saúde de Jaburuna (Vila Velha) – 2 doses;
  • Unidade Básica de Saúde de Coqueiral de Itaparica (Vila Velha) – 2 doses
  • Unidade de Saúde da Família Vila Nova (Vila Velha) – 1 dose;
  • Unidade de Saúde da Família Araças (Vila Velha) – 1 dose;
  • Unidade de Saúde Shell Catarina Romanha Lorenzutti (Linhares) – 1 dose;
  • Unidade de Saúde da Família Pedro Machado (Guarapari) – 1 dose;
  • Unidade Regional de Saúde de Jacaraípe (Serra) – 1 dose;
  • Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes – HUCAM (Vitória) – 1 dose;
  • Unidade de Saúde da Família Dr. Joel Coelho Ferreira Caic (Linhares) – 1 dose.

O sistema de informações do Ministério da Saúde (DataSUS) também identifica todas as pessoas imunizadas com um código individual, que vem acompanhado de informações sobre idade, grupo prioritário de vacinação, data da imunização e lote da vacina recebida.

Já a data de validade de cada lote vacinal vem de outro sistema do governo federal, a Sala de Apoio à Gestão Estratégica (Sage), que registra os comprovantes de entrega dos imunizantes contra Covid-19 por estado. Em cada recibo há informações públicas sobre o número do lote vacinal, a data de validade, o fabricante e a data de entrega.

Para realizar o levantamento, a Folha cruzou os dados das duas bases DataSUS e Sage, a partir do número do lote das vacinas. Além disso, também consideraram todas as imunizações do país contra a Covid-19, até o dia 19 de junho.

De acordo com a pesquisa, até essa data, foram aplicadas um total de 25.935 doses de oito lotes de AstraZeneca fora da validade. Desse total de lotes, metade veio do Instituto Serum da Índia; a outra metade, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

Já a distribuição das vacinas para os estados do país foi realizada pelo governo federal de janeiro a março, antes do vencimento. Elas somam quase 3,9 milhões de doses, das quais cerca de 140 mil não foram utilizadas dentro do prazo de validade.

Dessas, até o dia 19 de junho, 26 mil tinham sido aplicadas já vencidas. Identificado como “4120Z005”, um lote do Instituto Serum representa a maioria (70%) das doses aplicadas depois da validade. O bloco venceu em 14 de abril, mas continuou sendo aplicado depois dessa data pelo país.

Por meio de nota encaminhada à Folha de São Paulo, o Ministério da Saúde informou “que acompanha rigorosamente todos os prazos de validade das vacinas Covid-19 recebidas e distribuídas” e que “as doses entregues para as centrais estaduais devem ser imediatamente enviadas aos municípios pelas gestões estaduais. Cabe aos gestores locais do SUS o armazenamento correto, acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses, seguindo à risca as orientações do Ministério.”

A validade das vacinas contra Covid-19 depende da tecnologia e dos insumos utilizados no desenvolvimento do imunizante, informações que integram os dados analisados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para regulação dos imunizantes utilizados no país.

A AstraZeneca e a Pfizer duram até seis meses. Já a Janssen, com validade original definida em três meses, agora pode ficar armazenada por até quatro meses e meio. A Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, tem duração de um ano – o primeiro lote dessa vacina utilizado no Brasil venceria somente em novembro.