Polícia investiga injúria racial em escola no ES; aluna teria sido chamada de macaca

Polícia investiga injúria racial em escola no ES; aluna teria sido chamada de macaca

A Polícia Civil do Espírito Santo passou a investigar um caso de injúria racial supostamente cometida contra uma aluna de 15 anos em uma escola estadual em Vargem Alta, na Região Serrana do Espírito Santo. Segundo a família da adolescente, a jovem estava sendo chamada de macaca por colegas da mesma sala.

De acordo com familiares da jovem, as ofensas começaram em março desse ano, quando ela entrou na escola. Alguns colegas até se recusavam a sentar perto da menina.

“Falavam aquela neguinha, eles não me chamavam pra fazer trabalho, falavam aquela macaca, que não deveria estar estudando ali”, disse a estudante.

A família relatou que os ataques eram diários e que em um dos trabalhos na sala de aula um aluno chegou a tirar uma foto da adolescente e dizer que ela se parecia com um animal.

“Eles falavam que nunca iam se casar com uma preta porque não iriam conseguir enxergar no escuro. Eles me excluíram. Eu não falava com ninguém. Só abaixava a cabeça e pedia para ir ao banheiro para não ficar na sala”, relatou a jovem.

Adolescente, que pediu para não ser identificada, disse ter sofrido injúria racial por parte dos colegas de turma. — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Adolescente, que pediu para não ser identificada, disse ter sofrido injúria racial por parte dos colegas de turma. — Foto: Reprodução/TV Gazeta

A jovem disse que a injúria durou cerca de um mês e que alguns colegas atravessavam para não passar na frente dela.

“Foi depois disso que eu contei para a diretora, mas eles já vinham falando de mim há algum tempo”, contou.

Após a ida da aluna até a diretoria para falar sobre os ataques, os envolvidos chegaram a ser suspensos da instituição, mas voltaram depois de dois meses.

Depois da volta deles, os pais da jovem contaram que ela não consegue mais voltar às aulas.

“É muito revoltante ver sua filha chorando, querendo ir para a escola e não conseguir ir. Ela emagreceu, perdeu muito peso. É muito triste”, comentou a mãe da adolescente.

Pés da jovem negra que disse ter sofrido injúria racial em escola no ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Pés da jovem negra que disse ter sofrido injúria racial em escola no ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Os pais resolveram registrar o boletim de ocorrência em abril após verem que a filha não estava mais conseguindo ir para a escola. A Polícia Civil disse que estava investigando o caso.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação (Sedu), o estado registrou um aumento de casos de racismo em escolas. Em todo o ano de 2022 foram apenas quatro denúncias. Este ano, de janeiro até junho já foram dez.

Além da Polícia, os pais contaram que foram atrás de vários órgãos, como Conselho Tutelar, que encaminhou o caso para o Ministério Público.

Mãos da jovem que disse ter sofrido injúria racial em escola do ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Mãos da jovem que disse ter sofrido injúria racial em escola do ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta

TV Gazeta entrou em contato com o Ministério Público, mas não teve nenhum retorno até a última atualização desta reportagem.

A Secretaria Estadual de Educação (Sedu) disse que a Superintendência Regional de Educação de Cachoeiro, que faz a gestão das escolas da região, acionou as famílias para dialogar, bem como orientou os alunos quanto à conduta.

A secretaria também reforçou que implementou o Programa de Enfrentamento ao Racismo nas escolas da rede pública estadual do Espírito Santo e a constituição de práticas pedagógicas antirracistas como material de apoio pedagógico voltado à Educação das Relações Étnico-Raciais nos espaços escolares e disponibilizado para apoiar a rede escolar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *